segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ideias da juventude explicadas a Cavaco




Cavaco Silva lançou o alerta no discurso do 25 de Abril. Os jovens não se interessam pela política e sabem muito pouco da nossa História e de assuntos relacionados com a União Europeia (UE).

Fundamentou o seu "ralhete" aos deputados num inquérito feito pela Universidade Católica. Hoje, recebe 30 dirigentes de associações de juventude partidárias, académicas, de voluntariado, sindicais e empresariais.

Durante a manhã, no Palácio de Belém, é apresentado o estudo "Os jovens e a Política", por Pedro Magalhães. Depois do almoço com o chefe de Estado, à tarde, os jovens analisarão os níveis de participação política em grupos de trabalho. As conclusões são apresentadas na sessão de encerramento. O trabalho da Universidade Católica revelou, recorde-se, que metade dos jovens entre os 15 e os 19 anos e um terço entre os 18 e os 29 anos inquiridos não foram capazes de responder correctamente a nenhuma das três perguntas qual o número de estados da UE, quem foi o primeiro presidente da República eleito após o 25 de Abril e se o PS possui maioria absoluta no Parlamento.

O JN antecipa, nesta edição, muitas das ideias que serão veiculadas, hoje, pelos convidados do presidente da República (PR). Os jovens do Bloco de Esquerda só não estarão presentes pelo facto de a juventude bloquista não estar organizada em estrutura autónoma. O JN tentou obter reacções da Juventude Comunista, mas não recebeu resposta.

A maioria dos líderes das juventudes partidárias com assento parlamentar não considera que os jovens portugueses participem cada vez menos na política, como indica o estudo da Universidade Católica, referido pelo presidente da República, Cavaco Silva, no discurso de comemoração do 25 de Abril. Todos dizem que o número de inscrições na respectiva organização aumentou nos últimos anos e apontam como causas prioritárias o acesso a habitação e ao emprego - essenciais à emancipação relativamente à dependência aos pais.

"Está a ser feita uma análise redutora do que disse o PR", disse ao JN Pedro Rodrigues, 28 anos, presidente da Juventude Social-Democrata (JSD) desde Abril de 2007. "O problema é que os partidos estão interessados em temáticas que nada dizem aos jovens e optam por fazer as mesmas abordagens de há 30 anos", alega.

Segundo aquele dirigente, a JSD contou, entre Abril do ano passado e de 2008, 7500 novos militantes. As maiores adesões ocorreram no Porto e em Braga.

Para Pedro Moutinho, líder da Juventude Popular (JP), o afastamento atinge pessoas de todas as idades e deve-se à falta de credibilidade dos políticos . "A maioria não cumpre o que promete e não faz o que diz que fará. Nos jovens, essa desconfiança ganha contornos exponenciais", assinala. E confrontam-se, adianta, com a dificuldade de serem ouvidos. Os canais de comunicação estão ocupados pelos seniores e a comunicação social não lhes dá tempo de antena, queixa-se. Mesmo assim afirma que a JP "teve em média duas mil filiações nos últimos seis a sete anos".

Em rota de colisão com os anteriores inquiridos, Pedro Nuno Santos, líder da JS, que em Julho passa o testemunho, diz que "é preciso desdramatizar essa ideia de que os jovens estão afastados da política. Porque a questão é transversal a outros grupos etários, embora admita que possa ter mais incidência nos jovens". Para o provar garante que a JS tem 50 mil filiados e que o número de inscrições tem crescido.
Fonte: Jornal de Notícias - 12 de Maio
Para leres as Conclusões do Estudo, faz aqui o download (em formato PDF, no servidor Rapidshare, é só escolher Free).

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